sexta-feira, 12 de novembro de 2010

cadê a minha casa?

preciso voltar ao meu sonho enquanto lembro dele. assim também, vai me ajudar a clarear algumas reflexões que vieram com ele.

detesto fazer lead pras coisas que começo, mas é um bom começo pra eu mesma me organizar.

nesse sonho, eu percorria casas, saindo duma entrando em outra, por corredores, portas, janelas, escadas.. nelas haviam pessoas queridas, familiares e desconhecidas. em toda casa eu parava e contemplava a vista que dava pra fora, porque nas casas mal tinha mobília. eu também não consegia ver claramente a paisagem de fora. era tudo muito rápido e furtivo até.

depois de algumas correrias, inclusive com carro cheio de carona que eu conduzia, cheguei a uma casa grande, que me era muito familiar. parecia ser a antiga e demolida casa de minha vó, mas no sonho, ela havia sido vendida para um senhor rico.

ele mantivera antigos comôdos e partes de móveis, que me fizeram reconhecer aquela casa. mas estava tudo muito diferente, e não me sentia segura ali, apenas curiosa investigando cada mudança e cada cantinho para qual minhas lembranças eram atraídas.

dizem por aí que nossa casa é metáfora de nós mesmos e vice-versa. mas e quanto a nós, nosso corpo e mente serem nossa própria casa? isso tudo e o sonho me fez pensar que eu não tenho um lar. não me tenho como lar. minha casa é a casa dos outros, e eu, e a minha? se ao menos cada cômodo meu fossem partes de outras casas, mas não, eu entro nelas e não acho a minha.

não acho segurança em mim. como posso ser casa, lar de outro, se não sou o meu? talvez eu tenha apenas que reconhecer essa casa. delimitar as fundações e as paredes; arrumar a bagunça pra enxergar os limites de cada cômodo; ter um quartinho só pra guardar as lembranças, trancar à chave e abrir de vez em quando pra limpar a poeira e chorar de alegria por ter aquele tesouro; não ter tapetes, só servem de adorno e pra jogar a poeira debaixo; pintar as paredes e deixar ficarem desbotadinhas, pra eu poder ter a noção e as marcas do tempo; ter muitas janelas de vidro para arejar o resto da casa, deixar a luz e os olhares entrarem e saírem, mas com cortinas pra eu poder regular esse fluxo; portas pra entrada e saída e mais entradas, para quando as visitas passarem da ante-sala; a casa vai ser minha e pra quem quiser passar uma temporada nela enquanto a sua estiver de reforma, e aí nos visitaremos sempre.

pode ser um sonho, na verdade é, e eu sei que a casa poderá ser bem vulnerável a invasões, assaltos, danificações pelo tempo e por descuidos, mas ainda assim, será uma casa. eu saberia que ela existe e teria pra onde voltar quando eu andasse e me perdesse de vez em quando por aí. ah.. e meu jardim.. ?