terça-feira, 22 de junho de 2010

pedaços primários

sei que nada disso aconteceu por acaso, porque simplesmente nada acontece sem um devir..
durante esse curto tempo, aspirei os mais reconditos de minha alma e revelei segredos do meu corpo, a mim mesma

não, quero passar esse tempo comigo, porque foi só comigo que ele, o tempo, brincou. essa brevidade de intensidades tem de ser breves pra gente não acostumar com o tempo, senão deixa de ser novidade, e passa a ser vício.. o que deixam as coisas iguais e nos mostram outras faces dessas coisas, que deixaram de ser intensas..e puras.

sei que esse meu vício é o de achar meus pedaços.. que sempre foram muito frágeis, mas que são pregados e despregados de uma estrutura forte e terrena, meu corpo. vi várias histórias, aforismos, pensamentos a respeito do corpo, até metáforas. mas não achei a minha, não acho meu corpo por completo. muito menos minha alma, que deve estar inteira e ainda não, e nunca, a percorri toda.

o sono vem leve, como a sombra do vento no meu quarto... e eu não consigo escrever sobre coisas bonitas, e coesas. sei que outro dia não vou querer ler essas passagens, mas sei que é necessario pra saber bem o que penso.. sem imaginar, fantasiar, idealizar. registrar esse momento, esse tempo de brevidades intensas que passei não por acaso, mas pra sentir isso tudo e desejar fechar um ciclo. pra poder dormir, pelo menos hoje, com meu próprio cansaço.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

tão queridas janelas

como é bom olhar tuas janelas, minhas tuas. elas me fazem querer voar entre os monumentos que na paisagem desenhada eu vejo. elas não se fecham, e sempre quando quero, movo a cortina esvoaçante, sinto aos poucos o vento que balança aqueles delicados panos, abro com os dois braços, num só movimento, as duas portinhas de vidro e madeira que deixam uma brisa violenta levantar meus cabelos e fechar meus olhos, pra no mesmo instante, encher meu semblante de uma luz solar forte, que ao invés de contrair, dilata minhas pupilas, porque é tão bom que só meus olhos, as minhas janelas, conseguem extrair o que está dentro de mim.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

porque tudo tem que ter um começo

não vou mentir que essa imagem de fundo pré-fabricada pro blogspot me inspira sempre, independente de sua finalidade ou origem. retalhos, mosaicos, mandalas, restos e reformas me encantam. gosto de saber que tudo é reinventado e transformado à vontade e necessidade do sujeito. se bem que muitas vezes gosto e vivo da indústria, seja lá qual for, mas gosto de misturá-la com outros tons, formatos, sabores ou cheiros.
minha estrada é de piçarra e os mateirais de que é feita tentam se segurar na passagem de alguém-móvel, mas ele ou ela ou isto acabam levantando a poeira, sujando-se ou se ferindo com os restos de vidro, pedra, âmbar, fóssil, areia, pétalas, pele. sim! muita pele. mas não faz mal, porque sua passagem também deixa rasgos, rastros, buracos, alimento, mapas e atalhos em mim.
sou estrada, e tenho um atalho para um belo jardim. começo a jogar pequenas migalhas de pão pra não me perder, mas um esperto passarinho que também gosta de massa, faz questão de bicar e saborear minhas migalhinhas.